Apetecia-me começar este post com um "há um momento na vida de cada um de nós..." mas mesmo antes de o fazer deparei-me com a possibilidade de isto não ser exactamente verdade, pelo que optei por não o fazer e antes reformular o meu raciocino... Ainda nem comecei e já compliquei isto tudo. Great.
Anyways... sabem quando as prioridades da mente são diferentes das do coração? E passamos a vida a seguir as da mente e a arranjar desculpas para as outras? E sabem quando as circunstâncias da vida fazem o favor de vos abalar as prioridades? Ou simplesmente agitar a balança levando-vos a reavalia-las todas? Pois é. Volta e meia deparo-me com situações destas. Que mexem comigo e me dão uma vontade enorme de mudar. De ter coragem e correr atrás do desconhecido. Sim. Porque eu tenho esta necessidade enorme de me por à prova. De mostrar a mim própria que sou capaz do que quiser. E sou. Eu sei que sim. A questão prende-se com o que acontece quando corro atrás duma coisa que não quero realmente (embora por vezes eu até ache que sim). Frustração. Muita. Doses e doses dela. Mas voltando ás coisas que me puxam o tapete e me atiram ao chão. Este fim de semana fui passear. Figueira de Castelo Rodrigo, Reserva da Faia Brava, foi (entre outros) o destino. E não me parece a mim normal, que se aquilo fosse um lugar igual a tantos outros, que entram e saem da minha vida, que o meu coração palpitasse de cada vez que lá volto, que a minha alma sorrisse com cada vale e monte que percorro, cada por-do-sol que avisto no horizonte, cada luz que contemplo num céu estrelado, que o meu ser chorasse de cada vez que me venho embora. E sim é verdade. Não consigo evitar o coração apertado e a vontade tremenda de nunca mais sair de lá. Não sei explicar porque não tem explicação. E não é aquele sentimento muitas vezes associado ao local onde passamos férias. E que é maravilhoso não só porque é maravilhoso, mas por um conjunto extra de condições que o tornam especial. Vivi lá um ano e nada naquele lugar perdeu magia. Muito pelo contrário. E quanto mais tempo passa, e mais vezes lá vou, mais tenho a certeza. Ali sinto-me em casa. Tanto que ontem na viagem de regresso, dei por mim a pensar que não me importava de arranjar um emprego qualquer só para poder viver ali. Qualquer coisa. Até podia ser um part-time. A dar explicações aos miúdos da escola, ou mesmo numa loja ou supermercado. Desde que tivesse o suficiente para me sustentar e tempo livre para me dedicar ao projecto que ali nasceu, seria feliz. Eu sei que pode parecer estúpido. A mim parece-me estúpido. Mas é o que sinto e quanto a isso batatas. E que prioridades é que isto vem abalar pode alguém perguntar? O mestrado... aquela coisa mentalmente estimulante, que me espicaça a curiosidade científica, mas que não mexe realmente comigo. Foi uma decisão da qual não me arrependo, tomei-a simplesmente para me abrir portas, mas sei bem que no fundo a maioria delas não me interessa verdadeiramente. Não vou desistir na recta final, não, isso não faria qualquer sentido. Mas que neste momento não me xateava muito se tivesse que o fazer, não. A verdade é que vou termina-lo simplesmente porque gosto de terminar o que começo, porque apesar de tudo sei que é bom para a minha formação, e porque não o fazer nesta fase seria de uma grande irresponsabilidade minha e um grande desperdício de tempo perdido. A verdade é que cada vez que penso no que sonhava quando era pequena, sinto que me afastei do meu caminho. E embora os nossos catalizadores de felicidade mudem com o tempo, não posso dizer que neste momento estou a fazer o que sempre quis. A verdade é que não pude deixar de concordar com o comentário "Que grande seca" quando tentei expor o meu tema de tese a uma pessoa "normal". A verdade é que fazer tapetes de argila sob um sol escaldante para tentar ver pegadas de mamíferos é duro, mas tem bastante piada. A verdade é que eu nunca quis investigação. E nunca quis escrever artigos. Não porque achasse que não tinha capacidade para tal, mas porque não tem piada. A verdade é que com o avançar da nossa formação académica começamos a sentirmo-nos num rank superior e que trabalhos mais simples são um desperdício do nosso conhecimento e capacidades. Começamos a achar que temos que nos dedicar a algo "digno" da nossa formação. Que como cientistas temos mais é que continuar a aprender e a descobrir. E o nosso cérebro estimula tudo isto. Porque apesar de tudo temos a curiosidade e as bases para achar certos assuntos interessantes sob o ponto de vista teórico. E por vezes conseguimos convencer-nos que gostamos disto e daquilo e embrenhamo-nos num mundo que não nos diz nada, mas que passa a ser nosso. Não quero. Se são as coisas simples que nos deixam feliz, então porque não? Por que não ser tratador de animais num qualquer zoológico? Por que não ser técnico de campo numa qualquer empresa? Por que não ser guia de natureza? Estou a precisar seriamente de cometer "uma loucura" :) mas tenhamos calma, que as ideias levam tempo a amadurecer, e as coisas a acontecer. O mais importante é saber. Depois de plantarmos na nossa cabecinha o que queremos, o resto é uma questão de tempo. Por agora escrever a tal de tese, dar o meu melhor sem querer saber muito da nota... já lá vai o tempo em que me preocupava com isso. Amanhã começo a minha aventura no mundo da monitorização, Bio3 2nd challenge aqui vou eu! É todo um conjunto de situações novas para mim, mas estou entusiasmada! Como poderia não estar? Primeiro ir buscar a pick-up a Almada e depois fazer-me à estrada até Castro Daire. Como no início de outras aventuras, hei de ser guiada pela inexperiência e ajudada pela inocência =) com um bocado de sorte fico na pousada da juventude de são pedro do sul e ainda vou mandar um mergulho ^^ não percam os próximos episódios! :D
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