segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Devaneios III (e último)

E acendeste as luzes. Mas não me abraçaste... Desceste as escadas e saíste para a escuridão. Contemplo o meu sótão como há muito não fazia. As coisas que antes me atormentavam pararam finalmente a sua dança e estão agora caídas no chão como bonecos cuja corda acabou. Não sei que lhes fazer... não levaste nenhuma contigo, embora de certa forma te pertençam. Lá fora chove como se o mundo estivesse prestes a acabar. Sentada num canto abro as caixas que deixaste. Imagens de belas paisagens e melodias harmoniosas são tudo o que me resta. Gostava de descer as escadas e correr para te apanhar. Acompanhar-te nessa viagem incerta e conhecer esse mundo do qual apenas me falaste, mas nunca me deste a chave. Contemplo-te ao longe da minha janela. O sol esse já se vê no horizonte, mas os pássaros estão silenciosos. Tenho saudades de quando cantavam. Muitas. Mas peço-lhes que te sigam e te guiem em segurança já que eu não o posso fazer. Que te levem a lugares encantados onde a chuva não é nada mais do que uma inconstante da Natureza. Eu? Eu continuarei a ver o sol a nascer e a fugir no horizonte.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Devaneios II

Hoje estou assim. Melancólica. Os últimos raios de sol entram-me pela janela e percorrem-me as entranhas sob a forma de um agradável arrepio. Sinto-me viva. Serena. Não sei ao certo o que escrever, mas deixo-me levar. Não sei ao certo o que pensar, mas deixo-me ir. O futuro não me pertence. Para quê (pre-)ocupar-me com ele? Esta vida não deve ser minha, mas sim de um qualquer ser divino que foi de férias. Pode ser que volte um dia. Quem sabe. Pode ser que nessa altura tudo isto passe a fazer sentido. Pode ser que nessa altura o caminho seja claro. Até lá vou seguindo ás escuras. Tacteando as paredes de um quarto vazio, enquanto ouço sussurros de um outro mundo. Sinto-me viva. Curiosa. Que vozes são estas que me falam de Paz? Que calor é este que me invade no Inverno? Que promessas são estas de Luz? Não sei. Sinto-me viva. Confusa. O meu sótão era tão agradável. O sol brilhava lá fora. Os pássaros cantavam para mim no jardim. Será que simplesmente anoiteceu e a Lua se esqueceu de mim? Bem que podias abraçar-me... ou acender as luzes. Só para confirmar que ainda aí estás.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Just gotta keep on tryin'


E eu tento. Juro que tento. Com todas as forças que me compõem. Mas não é fácil. Não. Não é nada fácil. E tinha prometido que não voltaria a acontecer. Tinha prometido que não queria saber. E era tão mais fácil se não quisesse. Mas é mais forte que eu. E quando dou por mim... já tenho as comportas do espelho da alma abertas. Mas o tempo é amigo. Curandeiro de todos os males, não me há-de deixar ficar mal :) Ele e mais umas tantas coisas que acabam por me deixar feliz :) pequenas coisas :) uma manhã ensolarada :) uma alvéola a passear-se à beira da linha do metro :) um bando de garças num qualquer pasto :) um pisco a cantarolar :)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bichinhos novos :)

Já vem tarde o post, mas não podia faltar! É o que dá andar a fazer trabalhos à ultima da hora e ocupar os momentos livres, como diz o belo ditado português, a pensar na morte da bezerra. Mas como também diz a sabedoria popular, mais vale tarde que nunca, por isso cá está ele :)

Quarta-feira da semana passada, apesar da pressão provocada pela aproximação da entrega de um xato trabalho, dei-me ao luxo de aproveitar a manhã para um agradável passeio na praia. As últimas semanas não tinham passado de nada senão chuva, pelo que a visão de uma bela manhã ensolarada conseguiu convencer-me a consciência de que seria um crime não aproveitar tal oportunidade :) Além disso, havia rumores de um bichinho estrangeiro a passear-se por estas areias, o que associado à minha necessidade urgente de ir a casa por motivos de sanidade mental, me levou a encarar o dia de quarta-feira como descanso. Assim sendo, foi só meter uma vestimenta qualquer, guia e máquina fotográfica para dentro da mochila, e sair :) Na praia esperavam-me muitas coisinhas com penas :) As fotos essas foram algumas, mas as distâncias relativamente grandinhas para a minha modesta máquina. Perdoem-me a azelhisse (ainda tenho q descobrir como conseguir tirar fotos na praia sem os brancos ofuscarem os olhos, ou parecer quase de noite) mas aqui ficam algumas :)


Os habituais guinchos, Chroicocephalus ridibundus,  por lá andavam :)


mas desta vez passeavam-se também por ali garajaus-comuns (que raio de nomes que dão aos bichos... Sterna sandvicencis é bem mais bonito =P ou Sandwich tern como lhe chamam os ingleses lool) 


e ainda a menina da praia :) Gaivota-de-bico-riscado, Larus delawarensis :)

Foi um passeio simpático... deu para me entreter e trazer alguma paz de espírito... mar, sol e bichos têm este efeito :)

A ida a casa teve um efeito igualmente reconfortante. Por variadas razões. Mas principalmente porque tomei uma decisão. E não foi fácil. E não é fácil. Mas começo a habituar-me a ela. Para o bem e para o mal. É a vida. Mais que isso... é a minha vida :) e como é minha, faço dela o que quiser e bem entender. O frio gela-me as mãos, arrepios percorrem-me o corpo, memórias trazem-me saudades e paralisam-me a mente e... não. Não vou pensar mais nisso. Vou dormir que tenho sono :)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

=)

E há dias assim. Dias que sem sabermos bem porquê nos sentimos bem. E mais que isso, que acordámos para nós. Para o nosso bem estar. E sinceramente não queremos saber de mais ninguém. Mas queremos sim gritar ao mundo a nossa razão. Mostrar-lhe que somos como somos e temos muito orgulho nisso. Que não somos perfeitos, mas que apesar disso somos bons. E quem quiser ver isso, que veja. Quem não quiser, só tem a perder. Há dias, como o de hoje, em que ninguém é capaz de nos tirar do pedestal. E isso sabe imensamente bem. Do alto do nosso ego interrogamo-nos como é possível que percamos tempo com coisas que claramente não valem a pena, a definhar em sentimentos e dúvidas que de bom não têm nada. As coisas só têm o valor que lhes damos. Não exageremos. E acima de tudo, não deixemos que as coisas nos roubem o que de melhor há em nós. Não deixemos que nos controlem. Não deixemos que o nosso bem estar delas dependa.  

The road down to happiness lies within you and that's where you should search for it. Nowhere else.

E pronto. Já disse a minha dose diária de baboseiras :) 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Devaneios

E preciso... mas não quero. Não tenho vontade. Não me apetece escrever. E obrigo-me a mim própria como mãe preocupada que insiste com o filho em comer a sopa. E lá vai colher pela goela a baixo. Mas escrevo contrariada. Porque não me apetece escrever. Estou farta de escrever. De tentar em vão explicar como me sinto. Porque os sentimentos esses correm a 100 a hora. E são tantos que nem sei por onde começar. E não sei se quero falar. Para quê? Ninguém me ouve. Prefiro antes esconder-me debaixo dos cobertores. Enrolar-me que nem um gato e dormir. Ignorar as lágrimas que me escorrem pela face e esquecer. Esquecer todas estas coisas que correm no meu sótão. E teimam em fazer barulho. E não me deixam em paz. Estas coisas que não me deixam trabalhar. Não me deixam dormir. Não me deixam sonhar. Não me deixam sorrir. E mais uma vez não quero escrever. Apetece-me mais esquecer. Mandar um berro e dizer ás coisas que se calem. E ás vezes calam. Mas como alegres crianças rapidamente retornam à galhofa. E gostava de não ter que as ouvir. Porque não cantam elas? Porque gritam? Choram? Deixem-me em paz. E já não sei que fazer. Não sei que dizer. Estou farta de tentar compreender. Mas as questões que se passeiam no limiar da minha sanidade mental teimam em manter a sua identidade. Pontos de interrogação. Muitos. Vários. A dançar que nem bailarinas no meu desarrumado sótão, ao som dos nossos passos. Só gostava que subisses as escadas. Olhasses para eles. Não os julgasses. Mas os encarasses. E lhes pedisses com toda a delicadeza que saíssem. Que ali não é o lugar deles, mas sim o teu. Um pouco desarrumado eu sei, mas é da ausência. Nada se partiu, ou perdeu. Está tudo cuidadosamente guardado. Preciosamente guardado. À espera que decidas regressar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Não, não estou de volta

E vai fazer quase 1 mês. É verdade. Faz quase 1 mês que ando ausente e desaparecida do blogocubo. Mas também não tenho nada para dizer. Que posso fazer? É da vida citadina. O natal e a passagem do ano já lá vão longe, bem menos atribulados que o ano passado, mas bem mais deprimentes... enfim. É o que há. E como também não lhes dou muito importância, não me chateia muito. O ano novo já cá está e nada melhor do que começa-lo com trabalhos acumulados para fazer!! (sempre é melhor que exames, verdade seja dita).

Apetecia-me divagar sobre alguma coisa... mas não sei bem o quê. Deve ser da melancolia... Dêem-me um video como o abaixo e pronto... são 4 minutos de pura nostalgia e reflexão. E não consigo deixar de maximizar a imagem, o volume, e deixar-me levar. Perder-me. Perder-me entre fracções de pensamentos. Turbilhões de sentimentos. Reflexos de momentos. E viajar. Viajar para bem longe. Para o passado. E para o presente. Para o que fui. E para o que sou. Mas nunca para o que serei.



E interrogo-me quantas pessoas viajam duma casa de papel para dentro de si próprias. E quantas pessoas olham para isto e nem sequer viajam. E quantas pessoas acham que simplesmente não regulo bem. E não quero saber :)


Ps: viva ao piano e ao violino :)