segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Devaneios III (e último)

E acendeste as luzes. Mas não me abraçaste... Desceste as escadas e saíste para a escuridão. Contemplo o meu sótão como há muito não fazia. As coisas que antes me atormentavam pararam finalmente a sua dança e estão agora caídas no chão como bonecos cuja corda acabou. Não sei que lhes fazer... não levaste nenhuma contigo, embora de certa forma te pertençam. Lá fora chove como se o mundo estivesse prestes a acabar. Sentada num canto abro as caixas que deixaste. Imagens de belas paisagens e melodias harmoniosas são tudo o que me resta. Gostava de descer as escadas e correr para te apanhar. Acompanhar-te nessa viagem incerta e conhecer esse mundo do qual apenas me falaste, mas nunca me deste a chave. Contemplo-te ao longe da minha janela. O sol esse já se vê no horizonte, mas os pássaros estão silenciosos. Tenho saudades de quando cantavam. Muitas. Mas peço-lhes que te sigam e te guiem em segurança já que eu não o posso fazer. Que te levem a lugares encantados onde a chuva não é nada mais do que uma inconstante da Natureza. Eu? Eu continuarei a ver o sol a nascer e a fugir no horizonte.

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