terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Devaneios

E preciso... mas não quero. Não tenho vontade. Não me apetece escrever. E obrigo-me a mim própria como mãe preocupada que insiste com o filho em comer a sopa. E lá vai colher pela goela a baixo. Mas escrevo contrariada. Porque não me apetece escrever. Estou farta de escrever. De tentar em vão explicar como me sinto. Porque os sentimentos esses correm a 100 a hora. E são tantos que nem sei por onde começar. E não sei se quero falar. Para quê? Ninguém me ouve. Prefiro antes esconder-me debaixo dos cobertores. Enrolar-me que nem um gato e dormir. Ignorar as lágrimas que me escorrem pela face e esquecer. Esquecer todas estas coisas que correm no meu sótão. E teimam em fazer barulho. E não me deixam em paz. Estas coisas que não me deixam trabalhar. Não me deixam dormir. Não me deixam sonhar. Não me deixam sorrir. E mais uma vez não quero escrever. Apetece-me mais esquecer. Mandar um berro e dizer ás coisas que se calem. E ás vezes calam. Mas como alegres crianças rapidamente retornam à galhofa. E gostava de não ter que as ouvir. Porque não cantam elas? Porque gritam? Choram? Deixem-me em paz. E já não sei que fazer. Não sei que dizer. Estou farta de tentar compreender. Mas as questões que se passeiam no limiar da minha sanidade mental teimam em manter a sua identidade. Pontos de interrogação. Muitos. Vários. A dançar que nem bailarinas no meu desarrumado sótão, ao som dos nossos passos. Só gostava que subisses as escadas. Olhasses para eles. Não os julgasses. Mas os encarasses. E lhes pedisses com toda a delicadeza que saíssem. Que ali não é o lugar deles, mas sim o teu. Um pouco desarrumado eu sei, mas é da ausência. Nada se partiu, ou perdeu. Está tudo cuidadosamente guardado. Preciosamente guardado. À espera que decidas regressar.

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