sábado, 27 de fevereiro de 2010

Random thoughts...

Sábado. Final de Fevereiro. Mais um mês que voou. E este bem depressa... sem no entanto, nada se ter feito. Acordo cedo e levanto-me tarde... o meu corpo obriga-me ás 8 horas de repouso como se fosse ele que mandasse. Olho para o exterior, mas a visão é tudo menos animadora. A chuva bate-me na janela enquanto a portada volta e meia se fecha com o vento. O céu escuro dá-me a ilusão de um entardecer adiantado. 

Preguiça.... muita.... 

Sentada ao computador já nem sei quem sou. Não me reconheço. Perdida algures entre a música e um ecrán, vejo o tempo passar... 

Tenho saudades daquelas manhãs que passava a cantar para as paredes, ou a tocar a mesma música vezes e vezes sem conta até as notas soltas formarem melodias que me arrepiam e me fazem sentir realizada. Falta-me o desafio... o desafio da arte... A escrita tem preenchido esta lacuna, mas não é a mesma coisa... Também tenho saudades de desenhar. Faz tempo que não rabisco qualquer coisa... Que é feito das paredes decoradas de desenhos a grafite com horas de trabalho e pensamentos aleatórios que me dão força para seguir o meu caminho? Colar os antigos, cuidadosamente guardados, não faz muito sentido... Já serviram o seu propósito... Mas falta-me a vontade... e a inspiração. 

Re-leio o que escrevo e fico chateada comigo própria. Que mania de parecer desanimada...!

Paro para pensar na minha vidinha e não posso deixar de admitir que é bastante boa. Sei disso melhor que ninguém. Assim como sei que tenho tido bastante sorte. Tanta que ás vezes me espanto. E me interrogo. Sobre a veracidade das coincidências e a natureza das encruzilhadas da vida. Aqueles momentos em que podíamos ter feito mil e uma coisas, mas escolhemos aquela. E as consequências foram demasiado fantásticas para serem resultado apenas de mérito próprio. Porque das situações e acções mais simples, nascem as mais maravilhosas experiências. E tudo parece desenrolar-se como por magia... 

Enfim, já estou a divagar xD

No fim das contas (e inseguranças à parte) posso dizer que sou uma pessoa realizada. E que tirando alguns detalhes geográficos não mudaria nada do que tenho actualmente. E mesmo esses, talvez não o consiga ver agora, mas sejam melhores assim. Porque nunca sabemos o que a vida nos reserva... 

Costumo dizer que todos os dias são bons dias para morrer. Não quero com isto dizer que quero morrer. Nada disso. Ainda há muito coisa que quero fazer, ver, viver. Mas é verdade. Pelo menos para mim. E penso que assim o será para todas as pessoas que fazem e lutam por aquilo em que acreditam e que querem.  Se morresse agora, morreria feliz e tranquila que fiz o que podia e queria até ao momento. Porque quando somos verdadeiros connosco próprios sentimo-nos bem e tudo corre bem. Talvez esteja a ser demasiado ingénua... ou tenha realmente muita sorte. Não sei... Não vou dizer que não. But this is my story.

Questiono-me sobre porque escrevi tudo isto... mas não sei a resposta... Talvez porque sim. Porque me apeteceu. Pergunto-me também que sentido faz escrever coisas que não interessam a ninguém se não a mim própria, numa página que pode ser lida por qualquer pessoa... mas mais uma vez não sei a resposta. I guess I'm a hopeless case...

As portadas não param. Interrogo-me se não seria melhor fecha-las antes que se partam. Mas gosto dos momentos em que ambas se abrem e deixam a fraca luz do dia inundar este meu cantinho... 

E assim me deixo ficar... 

Já agora, citando Pessoa:

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Bichinho Carpinteiro

É costume dizer-se que as pessoas muito activas, que não conseguem parar quietas, têm bicho carpinteiro. Esse não é bem o meu caso que sou muito pacífica. Eu tenho mais é bichinho carpinteiro. Que é como quem diz que adoro construir coisas, monta-las e também desmonta-las. Se forem de madeira então, maravilha. É um gosto difícil de explicar, mas que penso ter começado com o lego (será que as crianças hoje em dia ainda gostam disso?) e os puzzles. É o partir de pequenas peças, insignificantes e inúteis na sua singularidade, para uma estrutura complexa e cheia de detalhes. Dêem-me uma secretária ou uma estante para montar e vão ver que entro num estado frenético, como se em transe, enquanto junto peça a peça, parafuso a parafuso, até as iniciais componentes começarem a ganhar forma e por fim se unirem num objecto perfeito.


Nesta semana que passou tive a oportunidade de alimentar este meu bichinho. E para grande agrado meu, com madeira e sem manual de instruções, aumentando assim o desafio da montagem. O objecto final seria um abrigo para observação de abutres. As peças eram 4 barrotes, tábuas e contraplacados variados em tamanho e feitio. 

O passo número 1 do processo que durou quase um dia, foi obviamente a escolha do local mais apropriado. Convinha ser pouco visível da estrada e ter uma boa visibilidade para a área em questão. Assim sendo, e aproveitando os elementos naturais da zona, optou-se por "esconde-lo" ao lado de uma grande rocha. Em seguida, uma pequena limpeza da área e a marcação precisa (cof cof) com fita-métrica e tudo, do sítio dos barrotes. Esta fase foi abençoada com uma bela duma chuvinha, que nos deixou a todos imensamente animados =P

Colocado o primeiro barrote, faltava abrir o buraco para os outros 3. 

Depois de inseridos os 4 pilares, tivemos que lhes dar jus ao nome e certificarmo-nos que estavam bem seguros, utilizando para isso pequenas pedras que ajudassem a compactar a terra.

Debaixo de uma das pedras, bem encolhida e camuflada, estava esta simpática criatura.


A fase seguinte consistiu no arranjo das tábuas de forma a dar um ar de casa ao futuro abrigo.


E após alguns erros de construção, dada a disponibilidade de material, mais uns ajustes aqui e acolá e:

 

Finito :)

Por agora só falta a pintura de óleo queimado e uma bela duma rede por dentro ;)
E foi um dia bem passado!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Details...



Sexta-feira. Véspera de Carnaval. Mais uma vez, longa viagem de regresso a casa. O caminho, o mesmo. As paragens, as mesmas. O tempo, o mesmo. A paisagem, a mesma. Não que não seja bonita. Ou melhor. Espectacular. Mas algo é diferente... Um detalhe. Um pequeno detalhe que faz toda a diferença do mundo. Um detalhe que muda toda a visão e entusiasmo de tão longa viagem. Um daqueles detalhes que nos surge imprevisivelmente na vida e sobre o qual não temos qualquer controle... Sentada à janela de um  velho expresso da Tejo, a minha mente viaja em direcções diferentes das do meu corpo, enquanto o sol me aquece exageradamente as faces. É bom assim, digo a mim própria. Para variar. As horas passam, a música acaba-se, mas ainda vou a meio...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Aventuras Nocturnas

E estava eu, muito bem no meu cantinho, colada ao aquecedor, de barriguinha cheia, banhinho tomado e pijama vestido, quando alguém me bate à porta numa de "ah e tal, queres ir ver uns sapos?". 

Primeira reacção: banho, pijama, quente... frio, chuva, sapos?  - "uhm... não sei...". 

- "Tá bem, vou perguntar ao resto do pessoal, já cá volto".


(...)


- "Queres ir ou não? Tu é que decides..."


Segunda reacção: hmm... nada para fazer... - "Ok, siga..!"


E pronto. Assim se iniciou a nossa aventura nocturna em busca de... sapos. Roupas quaisquer, casaco quentinho, guia e máquina para o bolso. "Alguém tem uma lanterna?". E lá fomos nós.

A informação veio do sr. Dr. António, parece que esses tais bichos, a quem algumas pessoas chamam de anfíbios, andavam aí. E parece que eram muitos, algures numa estrada que  sai de Figueira e vai para Vale de Afonsinho. Segundo consta também, estes animais gostam de água. E depois da bela chuvinha decidiram sair todos à rua. 

Metidos no carro e de olhos na estrada, rumámos à bela terra que nos foi indicada.  No início, nada... mas também, ainda estávamos longe. De repente, um coelhito. Não era bem disto que andávamos à procura, mas é sempre bom ver que estes continuam a existir.  Distraídos com a alegre visão do coelho, estranhamos quando o eduardo parou carro.  "Juro que vi qualquer coisa a mexer". Voltamos atrás a pé, mas infelizmente para o pobre coitado já era tarde demais... Parece que não começamos muito bem. Redobrado o cuidado e a atenção, seguimos caminho e não demorou muito até encontrarmos outra simpática criatura. Um Bufo calamita, vulgo sapo-corredor, que estava literalmente no meio da estrada e imaginem só, a correr. A correr que é como quem diz a andar, mas estava a correr =P Dada a forma de locomoção e a bela risca clara no dorso, não havia muito que enganar. 

De volta a estrada, sempre devagar e de olhos focados para não cometer mais nenhum assassinato, continuamos para Vale de Afonsinho. Pelo percurso dezenas e dezenas do que do carro pareciam mais calamitas. Fizemos algumas paragens só para confirmar e continuamos. Curiosamente, de Vale de Afonsinho até Algodres (onde supostamente o António tinha avistado os bichos) foi onde vimos menos movimento.  Mas em Algodres a história foi outra. Decididos a encontrar mais coisas bonitas, deixamos o carro e fomos a pé (há que agradecer à chuva que parou mesmo antes de sairmos de casa). Mesmo à saida da aldeia... mais um sapo, mas este era diferente. Como pessoas com imensa experiência que somos (cof cof), e dada a gigantesca lista de espécies diferentes de sapos em Portugal (o que foi...? 6 é um número muito grande) e o facto de não termos o guia mesmo à mão (que ideia)... não conseguimos chegar a nenhuma conclusão sobre a identidade do animal. Bom, era um Sapo-de-unha-negra, Pelobates cultripes se preferirem, mas isso ninguém reparou.

Continuando a jornada..... Vamos mas é voltar para trás que a ideia da estrada de terra batida, sobre-pisoteada pelas ovelhas e cabras, não foi muito boa.
De regresso ao carro escolhemos outra saída de Algodres. Um sapo-corredor aqui, outro acolá, alto que vi qualquer coisa.  "Olha que eu não vi nada". Para-se o carro. Sai-se. Volta-se atrás a pé. E voilá. Uma Salamandra salamandra, mais conhecida por salamandra-de-pintas-amarelas, estática. Sim estática... mas só até eu tirar a máquina e tentar fotografa-la. Porque quando vou para focar, lá vai ela. Ala que se faz tarde. 
Optamos por deixar o carro de vez e seguimos a pé. E que bela caminhada nocturna. A expectativa preenchia-nos e quem nos visse aos 3, de noite, ao frio e à  fraca luz de uma pequena lanterna, devia pensar que das duas uma. Ou não regulávamos bem, ou estávamos a tramar alguma.  Andamos e andamos, mas vimos sempre a mesma coisa com as formas mais variadas. Desde o típico animal que aparece nas figuras do guia, ao com a coloração mais estranha e confusa. 




O corredor numa versão branca e castanha, sem risca dorsal (raios parta os bichos... não sabem facilitar o trabalho ás pessoas e serem todos iguais quando são da mesma espécie?) e que para corredor não era lá muito bom, tendo-se deixado facilmente apanhar.








E depois de alguma discussão, o sr. calamita numa versão mais amarelo-esverdeada.









A caminhada de regresso foi longa e de volta ao carro o soninho já pesava, e a minha cama lá chamava por mim. 

Por fim chegamos e cada um foi à sua vida. 

 Na cabeça ficam as memórias engraçadas de 2 rapazes grandes e crescidos com medo/receio e nojo/impressão de pegar em tão fofas criaturas =P

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Locked in


E assim se passam horas... e dias. Fechada dentro de 4 paredes em frente a um ecrãn. Tsk... Como se a minha casa não tivesse portas para sair. O que me valem são as janelas. Portais para o tal mundo real, de onde posso observar outros universos que não o meu e onde o tempo dá sinais de vida. 

Acompanho o nascer-do-sol, o cantar dos pássaros pela madrugada, a gata da vizinha no seu passeio diário, assim como aquelas horas mortas em que até lá fora o tempo parece estagnado. Depois o escassear da luz e o eventual esplendoroso por-do-sol. Cá dentro, a passagem do tempo só se manifesta com o desenrolar da rotina básica... acordar, pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar, dormir. 

Cruzo-me com os restantes habitantes da casa e nestes momentos a vida até parece existir. Alimento-me das suas histórias e brincadeiras, mas depressa retorno a este meu canto. Quero sair. Preciso de sair. As portas estão abertas...  mas para onde...? 

Tudo a seu tempo. 

Mais uma vez, tento focar a minha atenção no plano de trabalho. Ainda não escrevi nada. Rigorosamente nada. Estou sempre à espera não sei bem de quê para começar. Tenho bem presente na mente o que tenho de fazer. Ao menos isso. Mas organizar tudo é mais difícil. 

E o tempo? Esse que normalmente não passa, mas que quando precisamos dele faz o favor de correr? Esperemos que se porte bem. 

E o medo? Monstrinho que nos faz duvidar das nossas capacidades e quando nos distraímos nos devora por dentro? Tem batido à minha porta o sacana. Às vezes ainda ouço as suas lengalengas, mas tenho-o deixado na rua.

Bom, deixemo-nos de conversas e passemos ao trabalho (cof cof)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Agora em Tuga


E porque há dias em que pensamos demais (coitado do tico e do teco) e colocamos tudo em questão. E depois temos vontade de mudar tudo. E hoje é assim. Tenho vontade de escrever, mas em português. Porque o inglês já não faz sentido... deixou de fazer sentido. Forma cobarde de expressar o que me vai na alma, em que as palavras não pesam tanto, embora bastante útil para restringir a leitura, pelo que pude constatar. Enfim... algo mudou. Tal como da vontade de escrever nasceu este blog, do crescente à vontade com a minha língua e comigo própria, renasceu. Assim é mais simples. Já chega de perder tempo com dicionários, à procura daquela palavra que quero dizer e que não sei. Para quê se o que quero dizer está mesmo na ponta da língua? Não que acontecesse muitas vezes, mas sei lá, apetece-me variar. Também tenho direito. Se calhar para a semana volto ao inglês, who knows? Ou até mais cedo... Ou talvez misture os dois da forma que mais me aprouver. 

Bem... anunciada a mudança de idioma, não há muito mais a dizer. Ou talvez haja, mas não me apetece. Devia era estar a fazer alguma coisa... digamos que... mais útil.