E estava eu, muito bem no meu cantinho, colada ao aquecedor, de barriguinha cheia, banhinho tomado e pijama vestido, quando alguém me bate à porta numa de "ah e tal, queres ir ver uns sapos?".
Primeira reacção: banho, pijama, quente... frio, chuva, sapos? - "uhm... não sei...".
- "Tá bem, vou perguntar ao resto do pessoal, já cá volto".
(...)
- "Queres ir ou não? Tu é que decides..."
Segunda reacção: hmm... nada para fazer... - "Ok, siga..!"
E pronto. Assim se iniciou a nossa aventura nocturna em busca de... sapos. Roupas quaisquer, casaco quentinho, guia e máquina para o bolso. "Alguém tem uma lanterna?". E lá fomos nós.
A informação veio do sr. Dr. António, parece que esses tais bichos, a quem algumas pessoas chamam de anfíbios, andavam aí. E parece que eram muitos, algures numa estrada que sai de Figueira e vai para Vale de Afonsinho. Segundo consta também, estes animais gostam de água. E depois da bela chuvinha decidiram sair todos à rua.
Metidos no carro e de olhos na estrada, rumámos à bela terra que nos foi indicada. No início, nada... mas também, ainda estávamos longe. De repente, um coelhito. Não era bem disto que andávamos à procura, mas é sempre bom ver que estes continuam a existir. Distraídos com a alegre visão do coelho, estranhamos quando o eduardo parou carro. "Juro que vi qualquer coisa a mexer". Voltamos atrás a pé, mas infelizmente para o pobre coitado já era tarde demais... Parece que não começamos muito bem. Redobrado o cuidado e a atenção, seguimos caminho e não demorou muito até encontrarmos outra simpática criatura. Um Bufo calamita, vulgo sapo-corredor, que estava literalmente no meio da estrada e imaginem só, a correr. A correr que é como quem diz a andar, mas estava a correr =P Dada a forma de locomoção e a bela risca clara no dorso, não havia muito que enganar.
De volta a estrada, sempre devagar e de olhos focados para não cometer mais nenhum assassinato, continuamos para Vale de Afonsinho. Pelo percurso dezenas e dezenas do que do carro pareciam mais calamitas. Fizemos algumas paragens só para confirmar e continuamos. Curiosamente, de Vale de Afonsinho até Algodres (onde supostamente o António tinha avistado os bichos) foi onde vimos menos movimento. Mas em Algodres a história foi outra. Decididos a encontrar mais coisas bonitas, deixamos o carro e fomos a pé (há que agradecer à chuva que parou mesmo antes de sairmos de casa). Mesmo à saida da aldeia... mais um sapo, mas este era diferente. Como pessoas com imensa experiência que somos (cof cof), e dada a gigantesca lista de espécies diferentes de sapos em Portugal (o que foi...? 6 é um número muito grande) e o facto de não termos o guia mesmo à mão (que ideia)... não conseguimos chegar a nenhuma conclusão sobre a identidade do animal. Bom, era um Sapo-de-unha-negra, Pelobates cultripes se preferirem, mas isso ninguém reparou.
Continuando a jornada..... Vamos mas é voltar para trás que a ideia da estrada de terra batida, sobre-pisoteada pelas ovelhas e cabras, não foi muito boa.
De regresso ao carro escolhemos outra saída de Algodres. Um sapo-corredor aqui, outro acolá, alto que vi qualquer coisa. "Olha que eu não vi nada". Para-se o carro. Sai-se. Volta-se atrás a pé. E voilá. Uma Salamandra salamandra, mais conhecida por salamandra-de-pintas-amarelas, estática. Sim estática... mas só até eu tirar a máquina e tentar fotografa-la. Porque quando vou para focar, lá vai ela. Ala que se faz tarde.
Optamos por deixar o carro de vez e seguimos a pé. E que bela caminhada nocturna. A expectativa preenchia-nos e quem nos visse aos 3, de noite, ao frio e à fraca luz de uma pequena lanterna, devia pensar que das duas uma. Ou não regulávamos bem, ou estávamos a tramar alguma. Andamos e andamos, mas vimos sempre a mesma coisa com as formas mais variadas. Desde o típico animal que aparece nas figuras do guia, ao com a coloração mais estranha e confusa.
O corredor numa versão branca e castanha, sem risca dorsal (raios parta os bichos... não sabem facilitar o trabalho ás pessoas e serem todos iguais quando são da mesma espécie?) e que para corredor não era lá muito bom, tendo-se deixado facilmente apanhar.
E depois de alguma discussão, o sr. calamita numa versão mais amarelo-esverdeada.
A caminhada de regresso foi longa e de volta ao carro o soninho já pesava, e a minha cama lá chamava por mim.
Por fim chegamos e cada um foi à sua vida.
Na cabeça ficam as memórias engraçadas de 2 rapazes grandes e crescidos com medo/receio e nojo/impressão de pegar em tão fofas criaturas =P
Hum.. os sapitos queriam dar uma private party e deram-lhes ab dos planos!! =)
ResponderEliminarMuito lindas, as fotos!! ;)
beijituh
catia