domingo, 8 de janeiro de 2012

Eu sei que as rosas têm espinhos

"A verdade é que continuo a não ser feliz todos os dias. E, quem disser que o é, só pode estar a querer camuflar qualquer coisa mais obscura. Casamentos, namoros, relações, seja lá de que género, dão trabalho. Sobretudo quando se acredita e se quer que as coisas funcionem. Quando nos estamos a lixar, aí todos os dias são felizes e despreocupados. Quando queremos saber, é lixado. Porque não deixa de haver a vontade de andar aos berros durante uma semana, não deixa de haver a vontade de enfiar a vida inteira nas malas, não deixa de haver a vontade de mandar tudo ao ar. Mas desistir, desistir mesmo, é coisa que custa. Porque por mais berros que se dêem, por maior que seja a vontade de voltar costas e deixar o outro a papaguear sozinho, quando se gosta respira-se fundo. Conta-se até 320. Faz-se um esforço de memória para relembrar só que é bom. E, sobretudo, sabe-se que o dia seguinte será sempre melhor, mesmo que à noite haja palavras tortas e costas voltadas. Sou feliz muitas vezes, quase sempre, mas não sou feliz todos os dias. E sim, às vezes é tamanha a embirração, tamanha a ira, tamanha a falta de paciência para o que não é bom, que dá mesmo vontade de atirar pratos ao chão e gritar "FARTEI-ME!". Nunca parti pratos, já me fartei algumas vezes. Mas nunca as suficientes para bater com a porta de vez. Fica só ali ligeiramente encostada até que um tenha a presença de espírito suficiente para a abrir outra vez. Não sou sempre eu, é verdade, mas às vezes sou. Se não forem dois a ceder, de forma alternada ou ao mesmo tempo, a relação tem os dias contados. 
(...) As relações não são fáceis, ser feliz todos os dias também não. É um investimento, uma aposta constante, um esforço. Sim, sim, sim, um esforço, digam lá o que disserem. Para que tudo corra pelo melhor, para que a felicidade impere a maior parte do tempo, para que se engulam alguns sapos, para que se aceitem algumas injustiças, para ouvir coisas boas e outras que nos partem ao meio de tão más e tão ingratas. Quando não há esforço há conformismo, e esse é o primeiro passo para o fim, para os muitos e muitos dias (meses, anos) de infelicidade total. Não faço ideia se me vai apetecer esforçar para sempre (nem acredito que alguém saiba) e já cá ando há tempo suficiente para saber que o "para sempre" é, tantas vezes, um "até que dê". E, sinceramente, mais vale um "até que dê" em pleno do que um "para sempre" miserável. Dizer que tudo são rosas é que é uma grande mentira. E vocês sabem que sim." by A Pipoca Mais Doce

Acabei de me cruzar com este texto e não consegui deixar de me identificar com ele... no entanto, e do topo da minha inocência e inexperiência nestes assuntos, não sou capaz de não me interrogar: "será que tem que ser mesmo assim? será que é suposto ser mesmo assim? esta batalha constante para que tudo corra bem? este esforço extenuante e diário para que tudo funcione?". Sei bem que nada é perfeito, ninguém é perfeito. Quanto a isso não tenho ilusões. Engolir sapos, respirar fundo e contar até nos esquecermos porque o fizemos, faz parte. Até porque ás vezes basta o gesto mais pequeno e insignificante da outra parte para que tudo volte à normalidade. Mas esforço constante...? Hmm... não sei.

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