quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Hya 2013!


Tenho andado ausente eu sei! Nem tanto, mas faltam-me as palavras, ou a paciência para as debitar. É como se o tempo passasse (e passa) sem a minha permissão. E mais do que passar, passa por mim! E eu aceno-lhe, mas ele já vai longe. Nem me dá tempo de pensar... de sentir. De reagir. Num segundo é isto, e no seguinte é aqueloutro. É vê-lo a ele, às palavras e às emoções, a escorregar-me entre os dedos, à velocidade das sinapses que me ecoam no cérebro. Daí que não tenho escrito. Obriga-me a parar. A pensar. A reter. Obriga-me a materializar. Mas isso é como parar o curso dum rio. Requer força. E como não o tenho feito, dou por mim parada no tempo quotidiano. Como espectadora de mim própria, absorvo fracções de momentos e projecto-os no infinito. No abstracto. Tanto a contemplar um céu estrelado como a ver um metro chegar. Divago sobre mim e sobre o mundo nestes centésimos de segundos em que estou consciente, e fosse eu parar e escrever tudo o que me galopa na mente e talvez precisasse de mais do que uma vida. É como se durante aquele período de tempo, às vezes tão longo como a frame de um qualquer filme, todo o Universo se desenrolasse aos meus olhos. Todos os mistérios me fossem revelados e todos os problemas solucionados. Destes insights, só me restam instantâneos visuais e uma ou outra palavra solta. Não é muito, é certo. Mas é o suficiente para continuar.

"Ano novo, vida nova" they say. Mas todos sabemos que não o é bem assim. Somos um contínuo de tempo e acontecimentos que não viram na mesma página do calendário. Mas as coisas têm a importância que lhes damos. E por muito que me tente enganar e diga que datas são apenas isso, datas, a verdade é ligeiramente diferente. Daí que o inicio oficial deste ano não tenha começado de certo da melhor maneira. Mas o que lá vai, lá vai. O problema talvez aqui é a minha insatisfação pessoal resultante desta minha forma passiva de encarar o mundo. De não conseguir reagir ao dia-a-dia e apenas explodir quando a garrafa enche. Mas e quando a garrafa enche e fingimos que não vimos? Seguimos em frente e ignoramos o líquido que agora jorra da saturada garrafa para um qualquer espaço mental. E não podemos parar porque isso significa enfrentar o facto de que a garrafa está efectivamente cheia e que precisamos de fazer alguma coisa. Mas o quê? Como podemos decidir o que fazer quando transbordamos simultaneamente coisas bivalentes? Como podemos arriscar assim a nossa vida e a dos outros? Que raio é suposto fazermos quando só sabemos que temos que fazer alguma coisa? 

Confiar.

Confiar? Que raio de resposta. De certo que a garrafa não se esvazia sozinha. Vai continuar a jorrar enquanto não fizer nada. Mas a esperança de que poderá parar, e quem sabe com o tempo evaporar, é uma possibilidade atractiva.

Garrafa?

Eu não devo estar é boa da cabeça.

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