Sábado. Final de Fevereiro. Mais um mês que voou. E este bem depressa... sem no entanto, nada se ter feito. Acordo cedo e levanto-me tarde... o meu corpo obriga-me ás 8 horas de repouso como se fosse ele que mandasse. Olho para o exterior, mas a visão é tudo menos animadora. A chuva bate-me na janela enquanto a portada volta e meia se fecha com o vento. O céu escuro dá-me a ilusão de um entardecer adiantado.
Preguiça.... muita....
Sentada ao computador já nem sei quem sou. Não me reconheço. Perdida algures entre a música e um ecrán, vejo o tempo passar...
Tenho saudades daquelas manhãs que passava a cantar para as paredes, ou a tocar a mesma música vezes e vezes sem conta até as notas soltas formarem melodias que me arrepiam e me fazem sentir realizada. Falta-me o desafio... o desafio da arte... A escrita tem preenchido esta lacuna, mas não é a mesma coisa... Também tenho saudades de desenhar. Faz tempo que não rabisco qualquer coisa... Que é feito das paredes decoradas de desenhos a grafite com horas de trabalho e pensamentos aleatórios que me dão força para seguir o meu caminho? Colar os antigos, cuidadosamente guardados, não faz muito sentido... Já serviram o seu propósito... Mas falta-me a vontade... e a inspiração.
Re-leio o que escrevo e fico chateada comigo própria. Que mania de parecer desanimada...!
Paro para pensar na minha vidinha e não posso deixar de admitir que é bastante boa. Sei disso melhor que ninguém. Assim como sei que tenho tido bastante sorte. Tanta que ás vezes me espanto. E me interrogo. Sobre a veracidade das coincidências e a natureza das encruzilhadas da vida. Aqueles momentos em que podíamos ter feito mil e uma coisas, mas escolhemos aquela. E as consequências foram demasiado fantásticas para serem resultado apenas de mérito próprio. Porque das situações e acções mais simples, nascem as mais maravilhosas experiências. E tudo parece desenrolar-se como por magia...
Enfim, já estou a divagar xD
No fim das contas (e inseguranças à parte) posso dizer que sou uma pessoa realizada. E que tirando alguns detalhes geográficos não mudaria nada do que tenho actualmente. E mesmo esses, talvez não o consiga ver agora, mas sejam melhores assim. Porque nunca sabemos o que a vida nos reserva...
Costumo dizer que todos os dias são bons dias para morrer. Não quero com isto dizer que quero morrer. Nada disso. Ainda há muito coisa que quero fazer, ver, viver. Mas é verdade. Pelo menos para mim. E penso que assim o será para todas as pessoas que fazem e lutam por aquilo em que acreditam e que querem. Se morresse agora, morreria feliz e tranquila que fiz o que podia e queria até ao momento. Porque quando somos verdadeiros connosco próprios sentimo-nos bem e tudo corre bem. Talvez esteja a ser demasiado ingénua... ou tenha realmente muita sorte. Não sei... Não vou dizer que não. But this is my story.
Questiono-me sobre porque escrevi tudo isto... mas não sei a resposta... Talvez porque sim. Porque me apeteceu. Pergunto-me também que sentido faz escrever coisas que não interessam a ninguém se não a mim própria, numa página que pode ser lida por qualquer pessoa... mas mais uma vez não sei a resposta. I guess I'm a hopeless case...
As portadas não param. Interrogo-me se não seria melhor fecha-las antes que se partam. Mas gosto dos momentos em que ambas se abrem e deixam a fraca luz do dia inundar este meu cantinho...
E assim me deixo ficar...
Já agora, citando Pessoa:
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
E assim me deixo ficar...
Já agora, citando Pessoa:
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."