sábado, 5 de novembro de 2011

Anilhagem #2

 

Hoje foi mais uma manhã dedicada a apanhar coisinhas com penas :) eheh é sempre agradável, nem que seja pelo levantar cedo e o conviver com pessoas para falar... claro está... de bichos :) O tempo ameaçou chuva e ainda caíram uns pinguitos, mas nada de mais pois a meio da manhã já o sol brilhava entre as árvores. Foi fixe :) as avezinhas colaboraram (em grande parte devido à montagem de uma rede junto a um comedouro), e até deu meia dúzia de bichos a cada um, sendo que eu fiz 4 espécies novas (apesar de já as ter visto várias vezes ao perto, nunca tinha anilhado propriamente nenhuma). Não consigo deixar de ficar admirada com o as voltas que esta vida leva... Dissessem-me a mim há coisa de 3 anos que eu ía trabalhar com aves e eu ía achar impossível e que tal só aconteceria por necessidade extrema. E agora é isto. Tenho que admitir que começou não por minha vontade, mas depressa se tornou um desafio e um prazer. Primeiro a questão da identificação e dos cantos. Embora continue a ser extremamente naba, não deixa de ser algo que me fascina e me agrada profundamente. Pode parecer estúpido, mas sair à rua e saber o que estou a ouvir dá-me uma sensação de proximidade com o que me rodeia indiscritivel... é como se eu, e aqueles bichinhos aos quais me tenho dedicado, falassemos todos a mesma língua... e embora eles não me entendam e eu a eles, não deixa de ser confortável saber que eles andam por aí e de certa forma me fazem companhia onde quer que eu vá. Seja na faculdade quando saio de casa de manhã, na rotunda da Boavista a caminho do metro, nos pastos e campos de milho até Vairão, e mesmo nos meus minutos de espera no laboratório em que decido vir até à rua para desfrutar um bocadinho do sol e de toda a vida que ele proporciona. Bom, mas já estou a divagar. Voltando ao tema da anilhagem. Hoje senti pela primeira vez o bichinho da coisa. Ou pelo menos foi a primeira vez que dei conta dele. Mais do que o gosto pelo contacto com os pequenitos, há também o desafio de os retirar das redes, de lhes tirar as medidas correctamente e (o que hoje me marcou) atentar a pequenos pormenores para lhes atribuir uma idade. Não é fácil. Mas dependendo da espécie também não é dificil. Implica olhar para os bichos de outra forma... forma essa que vai além de ver o padrão geral que nos permite normalmente chegar à espécie. Passa a ser preciso olhar para as penas em si, se estão gastas ou não, se são iguais ou se umas são mais novas que outras, se apresentam uma determinada coloração ou se são mais arredondadas ou pontiagudas. E tudo isto varia com a espécie. E com a altura do ano. E com o indivíduo. É o caos. É tudo novo. É tudo giro. Achei piada. E sim, o pessoal do parque pode não ser do pessoal mais entendido no assunto que por aí anda, mas são boas pessoas. E mais do que isso. São pessoas que gostam de partilhar conhecimento. Pessoas que têm prazer em passar o que sabem e que o fazem de uma forma humilde. De igual para igual. De ser humano para ser humano. De quem tem perfeita noção que quando começou também não sabia nada e que apesar de não ter sido por vezes tratado com o devido respeito, não faz o mesmo aos outros. Muito pelo contrário. E assim foi a minha manhã. De volta dos passarinhos, a ouvir pessoas que apesar de tudo sabem mais que eu, e a tentar absorver tanto quanto possível o que me tentaram transmitir. As redes já não me metem tanto medo (embora continuem a ser o meu maior desafio xD nada como a experiência eu sei...), as medidas lá as vou acertando (hoje recebi mais um elogio depois de por duas vezes as ter tirado todas iguais ao anilhador responsável... casas decimais e tudo >.< pelo que consta fui a aprendiz que mais depressa "atinou" com as medições... pessoalmente continuo a achar que é sorte de principiante mas enfim :P ), e no que toca às idades ainda é preciso passar-me muitos bichos pelas mãos, mas pelo menos os chapins reais já os estava a acertar sozinha :) foi giro foi giro :) só é pena não haver disto todos os fins-de-semana... mas pronto. Já é melhor que nada :)


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