Já lá vai o tempo em que me apetecia descrever ao mais ínfimo pormenor os aspectos do meu dia-a-dia. Talvez seja porque passei para o português, ou porque tenho tido menos tempo para o fazer, ou provavelmente porque já entrei na rotina e as coisas deixaram de ser tão fantásticas. Sim, porque esta nossa mente humana parece que só se deixa entusiasmar pelo novo, o diferente e o desconhecido (ou será que é só a minha? ). Passe algo a normal e perde toda a piada. Só o valorizamos novamente quando dele nos privam. E assim sucessivamente. Somos um animal naturalmente insatisfeito já que rapidamente nos adaptamos ás situações e deixamos de reagir a tudo que passe a fazer parte do standard. "Então, como vais? Ah está tudo bem, os problemas do costume, tudo normal." Depois andamos aí tipo zombies a cumprir o nosso dia-a-dia e ás vezes queixamo-nos do quão aborrecida a nossa vida é e de como tudo era bom quando éramos novos. Fico chateada. Porque embora seja adepta da procura do novo e desconhecido, também sou apologista da teoria do viver cada dia como se fosse o primeiro e o último. E isso inclui apreciar cada momento (por muito repetido que seja) como algo novo e único. Easier said than done though... e o xato é, quando mesmo o diferente entra na rotina e passamos a encarar o mundo com uma passividade indescritível, não reagindo com entusiasmo a nada nem ninguém. Como fugir a este problema? É uma bela questão... Eu tenho tentado a escrita, a ver se me animo comigo própria, mas não tem sido fácil. Ultimamente perco rapidamente o fascínio por tudo o que me acontece... I wonder why.
Pronto... momento de reflexão feito, passemos ao real propósito deste blog, que é como quem diz despejar, em muitas ou meias palavras, o que se passa neste cantinho do mundo.
Depois de um belo fim de semana, que incluiu um passeio de observação de aves à chuva e dois dias de andar simplesmente dum lado para o outro a acompanhar um certo senhor, veio mais uma semana relativamente inútil, onde não se fez grande coisa e o que se fez, sinceramente, não sei muito bem para o que irá servir. Mas enfim... Persegue-me a sensação de que tudo isto é uma grande palhaçada, que no fim não prestará para nada e só me trará dores de cabeça e momentos de frustração. Com tão boas expectativas, vontade de cancelar o tão querido estágio não me falta. A dúvida do que será melhor em termos curriculares é a única coisa que me continua a acorrentar a este peso, mas resta ainda a esperança de que o que alguns dizem seja mesmo verdade, e eu tenha realmente alguns resquícios de inteligência para saber dar a volta à situação. A ver vamos.
Censos, chuva e frio à parte, a novidade da semana foi mesmo as faroladas a pé. Sem dúvida mais engraçadas que as de carro, não sei até que ponto compensarão o trabalho que dão. Na primeira noite, um par de olhos que rapidamente se fechou e foi à sua vida. No idea what it was. Na segunda uma fuinha numa árvore, tão simpática que se deixou fotografar e tudo (também para fugir tinha que sair da árvore e passar por nós, por isso xD). Na terceira, uma raposa, uns olhos não se sabe bem de quem (o meu fantástico foco não aguenta mais de uma hora e meia, por isso quando os vimos eu já não iluminava a mais de 10m) e uma raposinha pequenina, já no jipe a caminho de Algodres, que era a coisa mais fofinha que se pode imaginar =) O pior mesmo foi levantar nos dias seguintes para fazer censos =/ e como andavam por cá voluntários da UA digamos que não me pude baldar. Estes, embora enviados com o propósito de nos ajudar, acabaram por nos dar ainda mais trabalho, pois tivemos que ensinar-lhes as coisas, andar a inventar outras para eles fazerem e mostrar-lhes um pouco da reserva. Enfim... a culpa não é deles.
Os planos para esta semana, bem mais quentinha que a anterior, são censos, tapetes de argila, transectos de mamíferos, cac da faia brava, farolada e ainda uma saída com o pessoal de mestrado da UA. Hoje já deu para voltar à querida t-shirt e felizmente os braços já estão vacinados, não tendo apanhado nenhum escaldão :)
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