segunda-feira, 7 de março de 2011

Coisinhas com penas

5 am. Ah cinco da manhã =) Já lá vai o tempo em que isso era a rotina. Feeling? Great =D Lá fora não há ainda sinais do sol, nem das habituais gaivotas. Interrogo-me onde dormem. Embrenho-me na escuridão e sigo rua acima. Ao contrário do que esperava o silêncio não reina nas ruas. É possível ver carros para cima e para baixo, pessoas a entrar e a sair, toda uma azáfama que não conheço. Está fresco, mas não muito. Ao fim de alguns metros já o sangue me corre quente nas veias e o casaco passa do corpo para as mãos. Chego ao metro mais do que a tempo e em Mindelo encontro a minha boleia já à espera. Próxima paragem? Casa do sr. Sergei. Desembrulhar postes novinhos para as redes é a primeira tarefa do dia. Seguidamente arrumar a tralhar toda no carro e seguir viagem. 

Uma pequena paragem para ver meia dúzia de tritões marmorados extremamente entretidos, esvaziamos o carro e distribuímos a carga. A caminhada não é muito longa, mas o suficiente para deixar de sentir os dedos. Chegamos já em pleno dia, mas enfim. Há que começar a montar as redes. Os senhores entendidos no assunto não me parecem assim tão entendidos, mas vou ajudando como posso. O solo arenoso não ajuda muito e o primeiro poste acaba por cair várias vezes antes que se consiga segura-lo em condições.  


Montadas as 2 primeiras redes sou deixada a guardar o material. Feeling? Viva a descriminação. Deixemos a menina a guardar as coisas enquanto os machos vão cortar mato e montar o material. Grrrrr. Tenho que confessar que fiquei um tanto para o chateada.  Frustrada? É que ficar parada a olhar para o ar não faz bem o meu género. Como seria de esperar não consegui ficar muito tempo parada e fui explorando o que por ali havia. 
O espaço é relativamente agradável. Apesar do frio os bichinhos vão-se manifestando, mas vê-los é mais complicado. Lá para as 9  cai o primeiro bichinho, um Phylloscopus collybita. Ainda avisei os entendidos, mas recebi um "deixa estar" como resposta. Como não sabia onde estavam os sacos e também não queria correr o risco de deixar o bicho ainda mais enrolado do que ele já estava, deixei-me estar inquietamente sossegadinha à espera que eles regressassem.

Uns vinte minutos depois vêm com uma carriça na mão que logo após se ter ligado o mp3 se fez á rede. Vão buscar o Phylloscopus e vão montar mais não sei quantas redes, enquanto eu fico mais uma vez a guardar o material. Poucos minutos depois de saírem, cai uma Sylvia atricapila, mas mais uma vez deixo-me estar quieta, não vá eu fazer asneira. Ando para trás e para frente, sento-me a pensar na morte da bezerra, tento ouvir o que por ali anda, faço desenhos na areia, farto-me e vou ver as segundas redes. Prunella modularis, Sylvia atricapila e 2 Phylloscopus collybita são os bichinhos pendurados. Volto para trás e felizmento os srs. já estão a preparar as coisas para começar a tratar dos saquinhos. Dadas as notícias de mais coisinhas nas redes, lá vamos nós busca-las. Depois de ter ouvido um "It's the first time I'm doing this" é com alguma surpresa que vejo o aluno do Sergei a tirar um collybita da rede como se já tivesse feito aquilo inúmeras vezes. Definitivamente, o meu cuidado e gentileza não devem ser úteis para o processo, mas que posso fazer? Parecem-me tão frágeis.
    De volta à base, penduram-se os bichinhos, espalha-se o material na mesa e dá-se inicio à coisa. O Sergei começa por dar a ficha de anilhagem ao  Marcus (ou lá como se chama o rapaz), mas rapidamente a passa para as minhas mãos dada a lentidão do rapaz em conseguir sequer saber qual o bicho em causa e como se escreve o nome xD
   E foi uma manhã bem passada :) que se prolongou até ao final da tarde... mas que me soube muito muito bem. As espécies não foram muitas, mas chegou á dezena: Phylloscopus collybita (muitos... quem sabe ibericus? lool xD), Prunella modularis, Troglodytes troglodytes, Sylvia atricapila, Sylvia melanocephala, Parus major, Parus ater, Parus cristatus, Certhia brachydactyla, Erithacus rubecula, enfim tralha... e.... para grande surpresa de todos quando saiu de dentro do saco, um Regulus regulus fêmea ^^ Todos os bichinhos tiveram direito a foto, mas eu só tirei meia-dúzia (digamos que só me lembrei já a meio da tarde).


  Total de 46 bichinhos apanhados, entre os quais 45 anilhados e 1 recaptura, e 45 novas amostras para mim (uma carriça decidiu fugir antes de alguém lhe tirar sangue). Enfim =) Os chapins são coisinhas simpáticas, que se devem achar uma grande coisa, e que só porque têm bico e nos conseguem chegar aos dedos, têm o direito de nos bicar.  Coitaditos =P

Uma experiência a repetir espero :)

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